Day trip até Bruges, partindo de Amsterdam

Praça Central de Bruges ou Grote Markt (tem mercado nas quartas de manhã)


O bate-volta até Bruges era uma certeza dessa viagem desde o início. A combinação de chocolate belga e cidade medieval parecia boa demais para ser deixada de lado, estando ali tão perto (hum... já falaram tanto sobre essa tentação do “ali tão perto” na hora de incluir mais um destino em viagens para a Europa). Veja o site oficial de turismo da cidade aqui e na Wikipédia.
Ainda no Brasil, quando vimos que o perto não seria assim tãoooo perto, pesquisamos um pouco sobre excursões. Na pressa e na insegurança de sair daqui com algo fechado nesse sentido, sem ter maiores indicações, deixamos para definir por lá.
Fiz uma tentativa de realizar a compra das passagens de maneira independente e antecipada pela internet, mas como no dia tive dificuldades com o sistema do cartão de crédito, ficou por isso mesmo. Para quem quiser comprar pelo site ou pelo menos pesquisar, fica o link.
O domingo foi escolhido para o passeio e as passagens foram compradas dois dias antes na Central Station de Amsterdam diretamente no guichê de atendimento. Custaram 62 euros ida e volta por pessoa mais a taxa de 3,5 euros da compra em cartão de crédito (compramos juntas para pagar a taxa apenas uma vez). Como se trata de uma viagem mais longa, nos obrigamos a madrugar e deixamos o retorno (as passagens de volta tem horário em aberto) para o penúltimo trem.
Bem, agora que você tem os detalhes mais “técnicos” da viagem, vamos ao relato da aventura:
canais

Madrugamos, passamos no Starbucks da Central Station e fomos achar a plataforma do trem. Em primeiro lugar, não há como ir para Bruges de trem saindo de Amsterdam sem fazer escala. Não que eu tenha descoberto pelo menos. Geralmente as opções incluem uma troca de trem em Bruxelas ou Antuérpia, ambas já em território belga. O que varia é a categoria do trem, que pode ser rápido e mais caro ou a opção “normal” e mais barata que escolhemos. Provavelmente, na escolha mais cara existem menos paradas e a troca se dê nas estações centrais de cada cidade. Porque na opção “low cost” desta que vos fala, após a longa viagem de mais de duas horas começamos a nos preocupar pois o trem parou em diversas estações Bruxelas a fora e não conseguíamos informações a bordo para saber ao certo em qual descer. Havia indicação nas passagens, mas elas não batiam com a minha “pesquisa” (uia!!) e o que me preocupava e me dava a sensação de “algo está errado” era o tempo passando. Enquanto parávamos de estação em estação em Bruxelas, o horário da partida do segundo trem chegava... e partia. Finalmente, quando chegou o ponto final onde devíamos desembarcar segundo todas as orientações estávamos bem atrasadas. Claro que eu fiquei tensa imaginando que teria problemas para embarcar em outro trem ou trocar as passagens. Para completar, essa estação era bem trash. Chegamos a tirar uma foto para provar, só que não aparece bem o "estilão" do lugar. 



as informações de horário, destino e plataforma ali atrás


De qualquer forma, as informações sobre os trens, destinos e horários estavam ali mesmo e conseguimos embarcar para nosso destino algum tempo depois.

paisagem no caminho
estação de Bruges

Na saída da Estação de Bruges, conseguimos comprar um mapa da cidade em uma maquininha por 0,50 euros e seguimos na mesma direção de todo mundo. Acho que não preciso destacar a quantidade de turistas que tiveram a mesma ideia. 
feirinha às margens do rio

Por sorte, seguimos na direção do Begijnhof e não da Praça Central como todos os outros. Acredito que fez toda a diferença pois tivemos a chance de começar pelo lado mais tranquilo e nos reunir aos pouco com a multidão de turistas. Esse começo de exploração da cidade me lembra muito um brinquedo de blocos de construção que eu tinha quando criança. Sabe daqueles que a gente usava para montar uma cidade? Com casinhas, pontes?



Begijnhof


As impressões: A cidade é realmente muito bonita com seus canais e arquitetura. Certamente, um dos lugares mais fotogênicos que já vi. É impossível não tirar milhares de fotos. Chegava ao cúmulo de repetir o mesmo ângulo em cores e preto e branco. Mas... É, tem que ter um mas. Não sei o que acontece, mas tanto eu quanto minha amiga tivemos a impressão de "cidade-morta", de que tal como em um parque temático todos os movimentos e cores estão lá para alimentar turistas e que quando eles deixam a cidade fica um vazio de sentidos. Minha amiga, incomodada com a impressão, chegou a perguntar para uma vendedora estrangeira em uma loja de chocolates sobre como era morar ali. A resposta só reforçou o que pensávamos: "horrível!".

Em preto e branco e com cores
fotogênica!

Veja bem, conhecer Bruges não provoca uma sensação ruim. A visita vale a pena, mas realmente Bruges me traz o que eu chamaria em inglês por falta de expressão melhor em português de mixed feelings. Declarada Patrimônio da Humanidade, esta seria a representante mais bem conservada de uma cidade medieval. Realmente, em alguns momentos fica fácil de imaginar o "clima medieval" pairando no ar. Minha amiga chegou a comentar que visualizava fogueiras queimando, etc. Porém, passa também a impressão de maquiagem para turista ver. O único lugar que me pareceu real foi a Praça Central. Lendo um pouco mais a respeito no Atlas do Viajante - Europa (Mike Gerrard, Editora Caracter Entertainment, Edição Portuguesa), você percebe que além dos edifícios conservados, Bruges tem seu lado "denorex", parece mas não é. Muitos dos prédios foram construídos séculos depois mas de maneira a manter o estilo medieval. Talvez se a permanência na cidade se estenda para além do período do dia, o anoitecer já sem tantos turistas revele uma cidade diferente aos olhos dos visitantes. Fico com vontade de voltar e pernoitar. Nem que seja para fotografar.



Quanto aos chocolates, esses sim ficam bem vivos na memória. Simplesmente deliciosos! Os melhores!


lojas de chocolates por toda a cidade
Andamos muito pela cidade durante todo o dia, nos abastecendo de chocolate de tempos em tempos. Muitos restaurantes charmosos com cardápio e preços do lado de fora. Eu ainda experimentei uma cerveja belga e subi na torre do campanário. Quanto à primeira, não posso falar muita coisa porque só tomo cerveja em viagem e não entendo nada do assunto. Mas sei que são famosas! hehe... Quanto a subir em torres para ver cidades de cima, bem... disso eu posso falar. A torre do campanário representa uma subidinha puxada! Valeu mais pela diversão meio comunitária de subir quase morrendo (hilário! todo mundo fica se olhando, ofegando e rindo ao mesmo tempo!) do que pela vista. A cidade é bonita vista de cima, mas venta muito, o espaço é bem restrito para o número de pessoas e tem aquelas gradinhas por todos os lados. Mesmo assim me diverti.





O retorno guardava novas aventuras. Quando compramos a passagem, minha amiga questionou se havia risco de não podermos pegar o trem de volta uma vez que não havia horário pré-definido nem lugar reservado. A vendedora riu e garantiu que não, desdenhando. Então tá, né?
Devo confessar que apesar de todo mundo querendo sair ao mesmo tempo, no final da tarde, não tivemos grandes problemas com o trem de Bruges até Bruxelas. Mas em Bruxelas... ai ai ai! O trem que faz esse trajeto vem de outro lugar (imagino eu que de Paris) e já vem cheio. O resultado foi que os piores pesadelos da minha amiga se concretizaram. Após um vagão lotado atrás do outro, conseguimos sentar em separado. 
O caos se instalou naquele trem que ainda foi "pingando" de cidade em cidade, com gente sentada no chão, malas impedindo a passagem das pessoas. Todas as línguas do mundo sendo faladas ao mesmo tempo, casal quebrando o pau em espanhol. Não bastasse isso, chegando em Dordrecht, o trem parou. Em alguns minutos ouvimos a voz do condutor informando que o trem permaneceria parado por tempo indeterminado pois havia... hum...ãhn... um indivíduo caminhando pelos trilhos do trem... e que... ops! ninguém sabia exatamente onde ele estava naquele momento! 
Apesar desse panorama parecer sinistro, o bom humor do condutor espalho pelo trem um clima geral de comédia. A cada intervenção que ele fazia, a situação se tornava mais engraçada e quando finalmente tudo foi resolvido e o trem pode andar novamente, a notícia causou uma risada coletiva.
Enfim chegamos em Amsterdam já perto da meia noite, mas com o astral lá em cima.





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