Amsterdam, judaísmo e 2ª Guerra Mundial

Dois Museus-Casas: Anne Frank e Rembrandt
[todas as fotos são de autoria CuriousAbout-cwb)

Uma das atrações que consta de toda lista de 'imperdíveis" para viajantes em Amsterdam é a Casa de Anne Frank. Palco de uma das mais famosas histórias da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, o esconderijo situado no Jordaan (Prinsengracht 267, próxima à Westerkerk) é um dos lugares mais visitados da cidade. Estive lá na primeira vez em Amsterdam e você pode ler aqui a minha impressão.
É claro que essa não se trata da única história que Amsterdam tem para contar sobre a cultura judaica e o horror da Segunda Guerra.
Ali nas imediações da Waterlooplein e do Plantage é possível tanto compreender um pouco mais sobre costumes e tradições judaicos quanto aprofundar um pouquinho a história do período da Guerra.
O trajeto pode ser feito em um dia e seguido completamente a pé se você não incluir a Casa de Anne Frank. Mas já vou avisando que se trata de um passeio comovente e por isso mesmo poderá ser exaustivo.
Como já havia visitado o esconderijo anteriormente, me concentrei no Quarteirão Judaico e nos outros pontos nas proximidades, em um trajeto que começou com a Casa de Rembrandt e terminou nos Museus da Ocupação e da Deportação.

  • A Rembrandthuis (www.rembrandthuis.nl) é uma atração e tanto. Mesmo que você não seja nenhum fá de artes plásticas (se for, não esqueça de visitar o Rijks para ver alguns dos maiores quadros de Rembrandt), visitar essa casa de janelas vermelhas onde o pintor morou por 20 anos antes de falir e ter que vendê-la, torna-se uma experiência interessante para se conhecer e pensar sobre o modo de vida da época. O pintor tirava inspiração dos moradores dos bairros judeus vizinhos. Abre das 10h-17h, entradas por 10 euros.
  • Nessa região há ainda o mercado da Waterlooplein, o Amsterdam's Musiektheater, a casa de óperas, Stopera e a Prefeitura.
Sinagoga Portuguesa

Fundos do Museu Judaico

  • Da Rembrandthuis você pode seguir para a Sinagoga Portuguesa ou para o Joods Historisch Museum. Caso não tenha muita familiaridade com o judaísmo, sugiro que comece pelo Museu pois nele você encontra, além de um belo acervo, explicações audiovisuais das passagens importantes da vida judaica (casamento, Bar Mitzvah, Brit Milá, etc) e das diversas celebrações (Shabat, Pessach, etc), a organização de uma Sinagoga (o prédio do museu é na verdade composto por um conjunto de antigas Sinagogas que foram saqueadas pelas forças de ocupação alemãs e restauradas posteriormente), a história dos judeus de Amsterdam (aqueles que fugiram de Portugal, judeus portugueses e espanhóis, muitos com ótima condição financeira; além dos que tiveram que fugir da Polônia e Rússia, com condições financeiras bem inferiores) e suas contribuições ao desenvolvimento da cidade. Como não podia deixar de ser, o Museu conta ainda com uma exposição sobre os judeus nos tempos da Guerra e com exposições temporárias. Há também, anexo ao prédio o Museu das Crianças. É necessário reservar bastante tempo para a visita, pois o acervo é substancial e a quantidade de informações é absurda. Minha dica: aproveite a cafeteria com comida kosher para fazer uma pausa (as tortas são deliciosas!!). 




  • Para chegar na Sinagoga Portuguesa é só atravessar a rua. Eles oferecem um guiazinho com muitas informações na entrada. Enquanto eu visitava a Sinagoga estava bem vazia, ao contrário do Museu, e contava com uns poucos curiosos e algumas jovens rezando. Chama atenção a solidez das colunas de sustentação e a iluminação, natural durante o dia e com luz de velas no período noturno pois não é utilizada energia elétrica para tal fim. A Sinagoga Portuguesa conta com uma das mais antigas bibliotecas do mundo! Sites: http://www.jhm.nl/english.aspx e http://www.portugesesynagoge.nl/eng. O Museu fica aberto das 11h às 17h e a Sinagoga (Esnoga) das 10h às 16h. O mesmo ticket dá direito a entrar nos Museus, na Sinagoga e no Hollandsche Schouwburg, por 12 euros. Convém consultar os sites antes de planejar sua visita pois ambos fecham durante os feriados judaicos que não tem dias fixos e variam de um ano para outro. 



  • Saindo da Sinagoga e andando pelo bairro, é possível encontrar várias referências aos judeus de Amsterdam e às histórias de resistência da cidade. Um exemplo é o memorial às vítimas de Auschwitz feito pelo escultor holandês Jan Wolkers: "Auschwitz nunca mais". Fica dentro do parque no lado contrário ao Horto.

  • Outro Museu-Memorial que pode ser visitado com o mesmo ingresso do Museu Judaico é o Hollandsche Schouwburg (http://www.hollandscheschouwburg.nl/en). Esse antigo teatro que representava o centro da vida cultural de Amsterdam foi 'requisitado" e serviu como quartel do programa de deportação durante a ocupação nazista. A exposição, apesar de pequena, é impactante e prepara de alguma forma para o Museu da Ocupação, chamado Verzetsmuseum.



  • Finalmente, o Museu da Ocupação (www.verzetsmuseum.org) é definitivamente um dos museus com melhor curadoria que eu já visitei. As informações sobre a resistência da população holandesa e também de sua colaboração com os nazistas durante a ocupação estão organizadas de uma maneira em que a reflexão proposta não minimiza nem compete com o impacto da realidade. De todas as atrações aqui relacionadas, se eu tiver que destacar uma apenas, fico com esta. O Museu começa situando sobre o contexto da sociedade holandesa na época de uma maneira bem completa e interessante antes de passar a retratar a ocupação da Holanda pelas tropas de Hitler e as respostas da população tanto individualizadamente como de forma organizada. É muito emocionante! Siga até o final da exposição e deixe a emoção transbordar na última sala, amplamente iluminada, que mostra como pequenas atitudes também podem ter grande valor de sobrevivência em situações extremas.




Outros pontos de interesse que podem ser visitados:

  • Huis de Pinto: atualmente um anexo da Biblioteca Pública de Amsterdam, pode ser visitado livremente. Para se ter uma ideia da opulência em que viviam as ricas famílias judias do século XVII. Próximo ao Nieuwmarkt.
  • Fábrica de Diamantes Gassan. www.gassandiamonds.nl.

Encontrei o vídeo abaixo no youtube e acho que ele ilustra bem todo esse percurso.



http://www.jhm.nl/english.aspx
http://www.jewishhistoryamsterdam.com/index.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Jewish_community_of_Amsterdam

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