As Gêmeas Viajam: Algumas reflexões sobre viajar com bebês

Em Arraial do Cabo, com 1 ano e 7 meses

Quase todo mundo que eu conheço de alguma maneira sinalizou, ao saber que eu estava grávida de gêmeas, que obviamente minha "carreira" de turista estaria acabada ou pelo menos ficaria em stand  by por um longo período. Claro que dava para perceber, naqueles que me conhecem melhor, uma pontinha de curiosidade sobre como eu daria um jeito de continuar viajando não apenas com um, mas com dois bebês. Confesso que uma das primeiras pesquisas que eu fiz na internet era sobre até qual idade gestacional seria possível viajar e à partir de qual idade seria seguro para um bebê viajar de avião.
Saindo do mundo das ideias e conjecturas, passados dois anos, acho que é hora de expor um pouquinho o que eu vivi e como eu senti esse novo tempo de maternidade viajante. Vejam bem, não me interessa de maneira nenhuma escrever manuais sobre o assunto, até porque em termos de internet tem gente com muito mais milhagem acumulada como mãe e turista do que eu. Mas como boa psicóloga, sempre acho que no fundo no fundo colocar em palavras pode fazer bem.


Quando é tempo de (re-)começar?

Beatriz no seu primeiro voo
Nossa primeira experiência foi quando as meninas estavam com 3 meses. Foi muito mais por impulso do que algo planejado e pensado para acontecer nessa etapa. Em cerca de 12 dias comprei passagens e fiz as reservas. Na época, elas estavam com a saúde ótima, vacinas em dia, dormindo relativamente bem durante à noite (tinham parado de alternar as mamadas noturnas) e eu estava absolutamente exausta da sensação de confinamento quase absoluto no mundinho das fraldas, carinhos, chorinhos e mamadas. Uma das minhas irmãs tinha tempo disponível e topou ir junto. É relativamente fácil se organizar com um bebê tão pequeno, por incrível que pareça. Principalmente se mamam exclusivamente leite materno. Com essa idade, você não terá preocupações com o cardápio do almoço das crianças, nem com a vontade súbita delas quererem correr pelo aeroporto.  Tendo alguns cuidados básicos com as condições do ambiente, as meninas ficavam super bem, sem sinais de desconforto ou estranhamentos. As viagens que vieram na sequência foram aos cinco meses, com um ano e com um ano e sete meses. A próxima será dentro de um mês mais ou menos, quando estarão com dois anos e três meses.


Quais os melhores destinos?

Como a maior parte das perguntas que relacionei aqui neste post, essa é super relativa. Conheço gente que foi para a Disney com bebê de colo e para a Tailândia com crianças pequenas. Uma voltinha pela blogosfera e é possível encontrar de tudo em termos de destinos com crianças.
Minha primeira escolha foi Porto de Galinhas (em dezembro), com parada no Rio para apresentar as gêmeas para a família e dois dias em Recife para não correr para pegar o voo de volta. Na sequência já escolhemos passar por Angra dos Reis para visitar a família (aos 5 meses, em pleno abril), novamente com escala no Rio; litoral do Paraná, Maceió, Maragogi, Arraial do Cabo. No final de novembro, será a vez da Praia do Forte, próxima de Salvador, e em dezembro de Foz do Iguaçu.
Geralmente, escolho destinos de praia. Mas isso é por preferência mesmo. Também acho que facilita pois o destino representa um programa em si. Não estreamos o passaporte das pequenas ainda, mais por motivos financeiros do que qualquer outra coisa. 
Porto de Galinhas
Recife


Angra
Paraty
Guaratuba
Praia do Gunga











O que eu posso dizer destes destinos com crianças? Porto de Galinhas se mostrou um destino mais tranquilo do que o Rio em dezembro devido ao calor. Angra tem um centro feio e sem atrativos e ilhas paradisíacas. Paraty continua fofa mas é uma tragédia se você for depender de carrinho de bebê para carregar seus pimpolhos. Na minha opinião o melhor destino nos arredores de Maceió é a Praia do Francês, principalmente se você não fizer questão de atrações gastronômicas ou vida noturna. Maragogi é excelente destino pra se hospedar à beira mar, valendo à pena inclusive investir em um all inclusive. O melhor destino? Ainda está por vir, com certeza.


E o transporte?

Nesses dois anos já viajamos de avião, carro e ônibus. O que as meninas mais estranham é viajar longas distâncias de carro na cadeirinha. Simplesmente detestam e ficam rebeldes. No transfer de Maceió para Maragogi foi o maior caos. Laura chorava muito querendo se soltar e vir no colo, minha mãe ficou irritada e Beatriz ficou tão nervosa de ver o estado da irmã que vomitou minutos antes de alcançarmos o hotel. No retorno, dormiram durante quase todo o trajeto. Permaneceram parceiras durante todo o congestionamento de volta para casa em um sete de setembro, de busão! De uma maneira geral, não criam caso e viajam bem de avião, van e ônibus. Também não entram em crise ao andar de barco, metrô ou ônibus urbano. Nos voos, ajudou: amamentar ou dar chupeta (usaram super pouco e abandonaram antes da segunda viagem... rs) nas decolagens e pousos, demonstrar empolgação (fácil: eu amo voar!) e abraçar elas e ir narrando a decolagem. Na parte terrestre, ajudou: contar uma história e desenhos no tablet ou no celular. De barco: basta proteger do vento que elas vão bem. 
Imprescindível em todas as viagens: carrinho de bebês!


Como escolher onde se hospedar?

Até agora o aluguel de imóvel de temporada tem sido o preferido: costuma representar uma boa economia, com conforto e privacidade. Geralmente, escolhemos apartamentos pois nos permite preparar a alimentação das crianças. Todas as vezes aluguei no booking.com. Foi assim no Rio (quando não fiquei na casa de amigos ou família), em Porto de Galinhas, Recife e Maceió. Em Guaratuba, Maragogi e Arraial do Cabo ficamos em hotel e pousadas. Acho que o aluguel de casa ou apartamento não vale tanto à pena em lugares em que você vá escolher fazer muitos passeios de bate e volta e passar a maior parte do dia longe. Também não é interessante para quem não quer se comprometer com a limpeza ou em arrumar o próprio café da manhã. Na próxima viagem vamos testar nosso primeiro hostel com as meninas e também o primeiro resort com all inclusive da família. Acho que a escolha depende muito do destino e da personalidade dos envolvidos (inclusive das crianças). No Rio, por exemplo, eu acho a maioria dos hotéis bem localizados muito caros. Em Maceió e Recife, os apartamentos alugados também foram excelentes opções. A pousada em Maragogi foi um sonho. 
Apartamento no Rio
Pousada pé na areia em Maragogi

De qualquer forma, leio atentamente às avaliações (gosto de comparar as notas no booking e no tripadvisor), opto pelos lugares com mais de 15 avaliações e com nota acima de 8, dou bastante atenção aos aspectos de localização, conforto e limpeza. Nada diferente de quando viajava mochilando.
Obviamente, minhas opções são mais restritas pois nem todos os lugares aceitam crianças pequenas. Alguns hospedam uma criança menor de 2 anos sem acréscimo ao valor da diária. Como tenho duas, muitas vezes orcei um quarto triplo para acomodar todo mundo sem surpresa.


E aí, vale à pena?

Atualmente, ninguém mais me pergunta se vale à pena viajar com minhas filhas, mas essa com certeza foi a pergunta mais ouvida após a primeira experiência.
Talvez seja a resposta mais particular de todas e nem tão óbvia assim. A minha opinião é que, como acontece com tudo após a maternidade, voltar a viajar com prazer é um exercício de aprendizagem. Se você continuar julgando as viagens e a própria vida exclusivamente sob o viés anterior, provavelmente não vai conseguir aproveitar. Lembro que em Porto de Galinhas questionei por alguns instantes a minha decisão de sair com as meninas de casa antes que elas completassem 15 anos. Foi quando demoramos para ir para a praia e desisti no meio do caminho por achar que estava muito sol. No mesmo dia, no entanto, Beatriz deu sua primeira risada, o que tornou a viagem inesquecível. Viajar com filhos pequenos é como fazer qualquer coisa com filhos pequenos (principalmente se esta é a primeira vez que você tem filhos pequenos... hehe): muitas vezes você percebe que nada te preparou para isso, que faltam recursos ou parâmetros suficientes para resolver um problema que surge ou tomar a melhor decisão. Mas por isso mesmo, cada pequena nova descoberta, cada aprendizagem, cada primeira vez... se tornam únicas. Eu continuo viajando com minhas filhas pequenas, apesar dos custos, do planejamento, de ter que abrir mão de algumas coisas que eu faria se não estivesse com elas, porque é muito bom dividir esse reconhecimento do mundo com as duas.



Comentários

  1. "Viajar com filhos pequenos é como fazer qualquer coisa com filhos pequenos", simplesmente adorei esta síntese!!! E já que é como fazer qualquer coisa, que seja viajando, não é mesmo?!?! Sou sua fã Aninha!!!! Bjos.

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  2. "Viajar com filhos pequenos é como fazer qualquer coisa com filhos pequenos", simplesmente adorei esta síntese!!! E já que é como fazer qualquer coisa, que seja viajando, não é mesmo?!?! Sou sua fã Aninha!!!! Bjos.

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