Caminhada na geleira: El Calafate e o Big Ice

Dentro da geleira: Big Ice no Perito Moreno

Dia 07: El Calafate após 24 horas de viagem

O problema de viajar pela Patagônia Argentina são as longas distâncias. Se você vai fazer mais de dois destinos (tradicionalmente, a maioria dos pacotes de viagem fazem a dobradinha El Calafate e Ushuaia ou se restringem à Bariloche), ou você se dispõem a entrar na rotina de traslado - check in - voo rápido - traslado sucessivamente ou passa horas de ônibus em ônibus. Talvez entre as diversas opções a melhor seja mesmo fazer o trajeto de carro. Infelizmente, não era uma opção disponível para mim. Assim, após 24 horas de viagem, com troca de ônibus e espera de cerca de duas horas na rodoviária de Rio Gallegos, cheguei em El Calafate. Tinha escolhido um hostel meio famosinho (America del Sur - com reserva de duas diárias pelo booking.com: U$ 32,74 ou cerca de 262 pesos na época) que fica em uma parte mais alta da cidade. 

Como minha bagagem era só uma mochila e a bolsa de equipamentos fotográficos, fui andando mesmo da rodoviária até lá. A rodoviária fica bem central, bastando descer uma escadaria para estar na rua principal da cidade. Não é uma cidade grande. A infraestrutura turística fica concentrada no centro e há casas espalhadas ao redor, algumas mansões e outras inacabadas ainda. A vista do lago é bem impressionante. Achei o hostel super agradável: limpo, com uma área comum bem interessante, atendimento bom. Para quem não quiser subir morro (nenhum sacrifício absurdo!), vi vários albergues perto da rua principal.

Depois do check in, me informei sobre os passeios no próprio hostel e fui dar uma volta pela cidade, fazer compras no mercado etc. O dia estava muito bonito mas ventava bastante, a ponto de dificultar o passeio. El Calafate é uma cidade bem bonitinha. Na rua principal você encontra um bom mercado, várias lojas de roupas esportivas, agências de viagem, alguns restaurantes e os três bares da cidade. Ah! Tem também um cassino que destoa da arquitetura da cidade. rs

Hostel America del Sur

Além do reconhecimento de El Calafate, essa voltinha serviu para eu conferir as possibilidades de passeios ofertadas pelas agências antes de decidir e fechar com o próprio hostel (na verdade, só um intermediário entre os hóspedes e as agências).

As principais ofertas são:

• Os passeios ao Glaciar Perito Moreno e outros glaciares próximos: navegação para ver os glaciares (Safari Naútico), mini trecking pelo Perito Moreno (caminhada sobre a geleira), Big Ice no Perito Moreno (viagem ao centro da geleira). A agê http://www.hieloyaventura.com/
• Tour até outras cidades: Tour de um dia até Torres del Paine no Chile e El Chaltén ali na Argentina mesmo.
• Outros passeios em El Calafate: Laguna Nimez, canoagem, cavalgadas, visita à estâncias patagônicas, travessias de 4x4 nos Cerros Huyliche e Centinela, visita à Estância Cristina. 

Lembro de ter me interessado pela travessia de 4x4 (belas paisagens!), ficado em dúvida se faria o mini trecking ou o Big Ice, e considerado seriamente pegar um tour até El Chaltén e Torres del Paine. Torres del Paine, em passeio de um dia, sairia por 750 pesos mais 40 dólares. O Big Ice estava 1200 pesos + 90 pesos da entrada no Parque Nacional Los Glaciares e o mini trecking saia 800 pesos mais a entrada. El Chlatén estava 400 pesos na ocasião.

Conversando mais tarde na recepção do hostel e com outros hóspedes, decidi agendar o Big Ice pois já não havia vaga no passeio do dia seguinte. Decidi também seguir as orientações do pessoal do albergue e ir por conta própria para El Chaltén. Eles mesmos reservaram para mim as passagens na rodoviária por telefone para o dia seguinte ao Big Ice, além de reservarem um hostel por lá já que eu decidi pernoitar.

Neste dia, fiz minhas refeiçoes no hostel, que tem cozinha à disposição dos hóspedes, com coisinhas compradas no mercado (106 pesos).

Dia 08: Indo devagar: Laguna Nimez

Como agendei o passeio pelo Perito Moreno, acabei com um dia inteiro sem programação definida. Até pensei em pegar um dos tours 4x4 que sairia às 16h, mas descobri que tinha milhares de pequenos detalhes para resolver que iam desde arrumar um jeito de lavar minha roupas até pagar contas online.
No final das contas, virou um dia super tranquilo em que eu só circulei pela Laguna Nimez e comi bem em um dos restaurantes da cidade. Aproveitei também para colocar no papel a programação dos próximos dias e bati o martelo sobre o que fazer ao voltar de El Chaltén: ir para Bariloche. Pesquisei muito as passagens, tanto aéreas quanto terrestres e me die ao luxo de ir de avião, o que me daria uma folga a mais no curto tempo de viagem que me restava mas me levou a pagar meio caro por uma passagem pela Aerolineas Argentinas (R$ 870,00 com as taxas).

Dia 09: Agora sim: O inesquecível Big Ice!

O dia começou cedo com o pessoal da agência passando para pegar as pessoas em seus hotéis. Após pegar todo mundo, o que demora uns 40 minutos pelo menos, apesar de El Calafate ser pequena. Ônibus cheio, hora de seguir para o Parque Nacional que abriga os glaciares. como você pode ver nas fotos abaixo o caminho é bonito.

Mais ou menos uma hora depois, chegamos em um mirante onde ficam banheiro, lanchonete, loja de lembranças e o começo das passarelas para visualização. O guia te dá algumas orientações e algum tempo para percorrer as plataformas e avistar o Glaciar de vários ângulos. É um espetáculo e tanto! De tempos em tempos se desprendem e caem pedaços da geleira no braço de mar. Eu ficaria mais uns 20/30 minutos tranquilamente.

De volta ao ônibus, fomos conduzidos a um pequeno ancoradouro. O bom desse tour é que ele engloba três passeios em um: a apreciação do Perito Moreno das passarelas, uma breve navegação e a caminhada no gelo. Achei bem completo e se fosse incluir mais algum tour, talvez pegasse apenas o safári náutico para conhecer o Glaciar Upsala.

Chegamos em um pequeno trecho de terra, onde fomos recepcionados e orientados. Depois, divididos em grupos menores e menores, até restar 12 pessoas para cada dois guias. A seguir seguimos por uma trilha íngreme que passava embaixo de uma cachoeira em determinado momento. É uma hora de caminhada já sentindo um gostinho de aventura e ficando cara a cara com pedaços enormes da geleira. Esse trecho de caminhada termina na beira do glaciar onde todos foram reunidos para vestir os grampones que permitem caminhar em cima do gelo. Os guias dão mais algumas orientações de segurança e sobre como caminhar no gelo e... partimos para dentro da geleira. É difícil descrever. As cores, os riachos que cortam o gelo, a imensidão... tudo impressiona! Quanto à questão climática: venta muito! O que mais incomoda não é o frio (estava over agasalhada, inclusive) mas o vento. Caminhar no gelo também não é tão fácil assim. Como tenho pés pequenos um dos guias precisou me ajudar a ajustar novamente os grampones. Senti inclusive que machuquei um pouco a batata da perna por não ter pisado direito. Nada que tenha comprometido essa caminhada, mas algo que me incomodou um pouco no resto da viagem. Um dos rapazes do grupo levou dois tombos. Entende-se facilmente o porque de se tratar de um passeio com limites de idade. Caminhamos bastante até chegarmos em um trecho lindíssimo e protegido do vento, onde paramos para o almoço (cada um leva seu lanche). Após o almoço, começamos a caminhada de volta. É impressionante perceber as mudanças na geleira. Para coroar o fim do passeio, vimos uma caverna de gelo. Claro que gerou pausa para as inevitáveis fotos. Foram mais ou menos 5 horas de caminhada. Mesma trilha passando pela cachoeira para voltar por terra e fomos esperar que todos se reunissem para embarcar e desfrutar da despedida com whisky on the rocks... gelo do próprio glaciar, of course. (A empresa que tem a concessão de exploração turística e preservação do Glaciar é a Hielo y Aventura).
O retorno para El Calafate é no final da tarde. Descansei um pouco no hostel e ainda fui ao principal bar da cidade: o Borges Y  Alvarez, que mistura livraria com bar. Bem agradável!

As passagens:
Compradas nas rodoviárias, um dia antes do embarque e horas antes do embarque, respectivamente.
Puerto Madryn - Rio Gallegos: 704,00 pesos argentinos
Rio Gallegos - El Calafate: 175,00 pesos argentinos
No período o câmbio oficial do peso argentino era 8 x 1 dólar. E o dólar obviamente não estava alto como agora.
Links:
Estância Cristina - http://www.estanciacristina.com/
Aventura - http://www.calafatemountainpark.com/es/index.aspx
Hielo y Aventura - http://www.hieloyaventura.com/