o mesmo mar: OUTROS HORIZONTES - Mar do Norte, Bloemendaal, Países Baixos



Um dos meus livros favoritos, do israelense Amos Oz, me conquistou pela capa e pelo título: O Mesmo Mar. Para além do livro e seu conteúdo, esse é um título que me fascina e me faz viajar.

Viajar para perto do mar, de qualquer mar, e não poder sequer molhar os pés nele me frustra. Foi assim que mergulhei no inverno em Guarapari quando fui em um congresso, em Bombinhas na primeira vez em que lá estive (um feriado de setembro em que fazia temperatura negativa ali perto em São Joaquim!!), tantas vezes nas praias paranaenses debaixo de chuva e em Barcelona, vestindo cachecol mas com as calças arregaçadas, tive que molhar os pés.



Além de me atrair como imã, o mar também me coloca para pensar e relaxar. O efeito calmante é sempre imediato, ao ponto de ter escutado uma vez que eu era uma pessoa de mais fácil convivência quando estava na praia (quem não é?). Quanto às reflexões despertadas... ah! Quanta viagem!

Durante o processo de planejamento da viagem, ficou claro que seria muito difícil conciliar o desejo de chegar o mais perto possível do fim do mundo (nesse caso, na minha visão bem particular e iniciante em aventuras: o topo da Noruega) com o meu orçamento. Por questões financeiras ou eu viajava durante 3 meses ou incluía países “caros” como os nórdicos e a Suíça. De qualquer forma, como o sonho do topo do mundo ficou para mais tarde, queria ter pelo menos um gostinho do que é olhar para o horizonte estando tão ao norte.

E é aqui que entra a ida até Bloemendaal. Comparando com outras praias que eu conheço e com aquelas que conheceria nesta viagem, uma praia na Holanda não entraria na categoria de 7 maravilhas do mundo natural (as da Croácia entram facilmente, mas isso vocês só saberão no futuro próximo... hehehe). Mas a sensação de chegar, ficar e sair daquela praia se tornou uma das lembranças mais preciosas que eu tenho destes 93 dias por aí.

Primeiro o caminho, do qual já falei por aqui. Ir de Haarlem até Bloemendaal por si já vai te transportando de alguma forma para um conjunto de sensações meio indefiníveis. É um tanto quanto bucólico e tem aquela tranquilidade que eu já tinha experimentado nas “estradas” de lá durante o passeio de bicicleta pelos campos de tulipas na viagem anterior (para saber mais, aqui). Não sei se todas as estradas da Holanda são assim, mas andar de bicicleta, viajar de trem ou ônibus é muito bom por lá.

Segundo: a praia em si. Talvez por termos acabado de ouvir algumas explicações sobre o país e seus esforços de continuar existindo apesar do mar durante a visita guiada ao moinho de Haarlem (Moinho Adrian, super recomendo e custa só 3 euros!), ter contato com o mar foi especial. Os Países Baixos (Nederland) que insistimos em chamar de Holanda aqui no Brasil tem a maior parte dos seus territórios abaixo do nível do mar (27% do território e 60% da população) e se mantém graças ao sistema de diques e pôlderes. Nas palavras do senhor do moinho: o país devolve ao mar diariamente quantidades absurdas de água! Aqui na praia a água parece uma ameaça bem maior e real do que quando a vemos direcionada nos canais. Ao mesmo tempo, a amplitude do que se vê (não havia “barreiras” de ilhas ou montanhas cortando a visão nem de mar nem de faixa de areia) ajuda a relembrar do país potência marítima.
É alternadamente sentir-se grande e pequeno diante de tudo. Uma sensação de querer que os olhos alcancem... além do que se vê!


Por último: a despedida. O tempo não estava lá essas coisas e fomos “expulsas” da praia pela tempestade que se armou. Mas até isso gerou diversão! Havíamos comprado capas de chuva em Haarlem (quem reclama da “bipolaridade” do clima em Curitiba, onde eu moro, não conhece o tempo nos Países Baixos) como quem acha que fez o maior negócio do mundo: 2,99 euros por uma linda capinha com capuz. Bem, as nuvens negras resolveram virar chuva de uma hora para outra em Bloemendaal nos obrigando a desempacotar o “achado” para uso imediato e emergente. Qual não foi a surpresa ao constatar que se tratava de simples sacos de lixo costurados... muitas gargalhadas embaixo de chuva forte e gelada. Para terminar de lavar a alma!

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