[republicando] A segunda chave

continuação do post: A primeira chave...
Encontrando La vie en rose...

Confesso que  não pensei que a experiência de Amsterdam fosse se repetir no decorrer da viagem nas outras cidades.
A chegada a Paris foi difícil, apesar da facilidade de me despedir de Amsterdam.
Tive uma absurda crise histérica já no voo. Como o Isma falou, cheguei armada. Não sei bem porque ainda mas desisti de ir pra Paris minutos antes de embarcar. Bem, isso também é assunto para outro post. A questão aqui é que meu primeiro dia na cidade foi no mínimo tenso e cheguei inclusive a levar uma pedrada de um traficante e uma bolada arrebentou meu celular nas escadarias da Sacre Couer. Tirando o reencontro com os amigos queridos, odiei todos os outros minutos deste primeiro dia. Mas calma, porque fui devidamente resgatada por brasileiras que dividiram o mesmo quarto comigo no hostel e me levaram pra Disney no dia seguinte. rs
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Outra coisa que precisa ser contada aqui: para completar o panorama sinistro, no meu terceiro dia na cidade perdi minha aula do Cordon Bleu. Sim aquela que estava paga e que no post anterior eu falei sobre o trajeto de ônibus virtualmente testado.
É minha gente, não foi o suficiente.
Não consegui encontrar o lugar!
Simplesmente...
Isso também será contado melhor depois..
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Bem, com tudo isso, depois de dar uma superada leve nas desventuras em série com a ajuda dos amigos, do Louvre e da Notre Dame (assuntos para mais outros posts), acordei no meu quarto dia de Paris e fui tomar café da manhã.
A programação, por ser sábado, estava definida por conta dos meus amigos e da vinda do Carlos direto de Portugal. Teríamos a cidade formalmente apresentada a nós pelos queridos residentes com direito à Festa da Primavera. O dia prometia e tinha amanhecido absurdamente lindo (aliás como em todos os outros dias em que estive em Paris... essa cidade estava defintivamente tentando me seduzir!).
Estava eu, como nos dias anteriores, sentada numa mesa sozinha com minha bandeja de café da manhã observando o movimento e animação dos vários grupos de estudantes hospedados no hostel (muito legal isso! turmas acompanhadas de seus professores de vários lugares da França, Itália e Inglaterra) quando... BATEU!
Lembrei da frase do Hemingway no meu livro:

Se você quando jovem teve a sorte de viver em Paris, então a lembrança o acompanhará pelo resto da vida, onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa ambulante.
Fui invadida por uma sensação muito boa: felicidade por esses estudantes estarem ali, associada com a constatação de não ser mais adolescente e estar em outro tempo. Simultaneamente, dois professores que acompanhavam esse grupo, notando que eu estava observando com um sorriso, me encararam e recebi uma piscadela cumplice.
Estava ali neste momento, depositada na minha bandeja, junto ao pain au chocolat que eu estava comendo, a chave de Paris! Veio acompanhada da sensação de não ser mais "jovem" assim mas, ao contrário do que se pode pensar, não foi uma sensação ruim... mas muito boa, inclusive por entender que meu momento permite descobertas também, mas sobretudo a possibilidade de reconhecer a dimensão e o valor de tudo que estou vivendo, coisa que dificilmente você percebe quando é assim tão jovem. Talvez a excitação constante seja o pressentimento disso tudo, mas a consciência, essa pertence a mim e aos professores.
Terminei meu café e sai, com "La vie en rose" rodando na minha cabeça... na versão cantada por Louis Armstrong e não na de Piaf. Aparentemente para não estar lost in translation em Paris ainda dependo do inglês... rsrs
A cidade se abriu! Me integrei ao lugar! Seis dias plenos de sentidos!

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