curious about: BALADEIROS E ANTI-BALADEIROS DE PLANTÃO

Post com dedicatória especial:

  • Para Simone (a psicóloga), Bia, Lili, Chiara,entre outras amigas: por concordarem em parte ou em gênero, número e grau com a opinião da Martha Medeiros expressa a seguir.
  • Para Pati: por me olhar com imensa piedade e pensar "como, em sã consciência, ela troca Ivete Sangalo por Armin Van Buuren? Como ela prefere passar o carnaval numa rave e não num bloco?"
  • Para Simone (a fisioterapeuta): por me acompanhar nas baladas natalinas, fora de hora e carnavalescas.
  • Para David: por ter compartilhado comigo alguns gostos e preferências.

Hoje começa o Festival Lupaluna, promovido pela RPC e pela DCSet. Com a proposta de unir música e natureza/ecologia, terá apresentações neste sábado e domingo de artistas como Zeca Baleiro, O Rappa, Lulu Santos, Skank, Claudia Leite, NXZero, Paul Oakenfold. As atrações serão divididas em três palcos: Luna Stage, Ecomusic ("sons brasileiros") e Eletroluna (música eletrônica comandada pelo Warung no sábado e pelo Tribal Tech no domingo).
Quando soube que ele seria realizado em uma estrutra fora de Curitiba, com sistema de vans para transporte até o local distante e que contaria com música eletrônica; lembrei imediatamente de um texto da Martha Medeiros que adoro.

Resolvi colocar o texto aqui:


Festim Diabólico
by Martha Medeiros, em Trem Bala




"Não freqüento bares nem casa noturnas. O som bate-estaca me neurotiza. Se você me vir às três da manhã circulando pela cidade, não buzine que é sonambulismo. O máximo que me atrevo a fazer fora de casa, ants da meia noite, é ir num restaurante, num teatro, num café. Coisa rápida, indolor. Não conheço o Opinião, o Elo Perdido, o Dr. Jekyll, o Santa Mônica, o Lei Seca, o Notredame. Ajudem-me a voltar para o meu planeta.
Só gosto de festas ocasionais, alusivas a alguma data e de preferência que não caiam no sábado. Open houses, jantares para pequenos grupos, festas de casamento, aniversários, lançamentos de livros, reveillon. Festas onde não é preciso fazer fila para entrar. Festas em que você escuta o que as pessoas estão falando. Festas em que você não sua. E, principalmente, festas que não precisam de mapa para chegar.



Festa em sítio, para mim, soa como cativeiro. Minhas mãos começam a tremer diante daqueles convites aparentemente ingênuos para um churrasquinho de domingo. Local: Estrada da Mata Fechada, sem número. Vide verso. Você vide e encontra um emaranhado de riscos e flechas indicando estradinhas vicinais, pontes pênseis, terra batida, valões, quebra-molas e instruções que arrepiariam até um veterano do Paris-Dakar: "Saindo do km 56 da freeway, pegue a estrada que leva para Glorinha. Na terceira figueira entre à esquerda e siga 7 km até encontrar o Aramzém do Vado. Circunde o armazém e dobre à direita na bifurcação. Siga mais 11 km até encontrar uma cerquinha branca, vire à direita de novo e dirija mais 9 km até o açude. Aí é só cruzar a porteira, deixar o carro ao lado do galpão e seguir a pé os 2 km que faltam, de preferência sem fazer barulho para não acordar as cascavéis".


Diversão, para mim, tem um significado menos bucólico. É sair de casa com a garantia de, no caso de um contratempo, poder chamar um táxi. É ir a um lugar onde haja ar-condicionado, champanhe gelado e banheiros limpos. É encontrar um manobrista na porta, dois ou três amigos que assegurem boas risadas e um garçom que vá com a sua cara. É dançar, sair à francesa e chegar em casa a tempo de ver a última entrevista do Jô. E, na manhã seguinte, mandar flores para os anfitriões, agradecendo o fato de você ter sobrevivido sem cortes e arranhões".


Em tempo, ao contrário da autora, eu A D O R O festas eletrônicas (como denunciam as fotos deste post), sou chegada num mapinha estranho, em seguir o carro da skol pra achar o Madê Pantai à 1 da manhã numa estradinha no meio do mato digna do Paris-Dakar, em atolar o salto na lama até conseguir entrar num lugar lindo mas com banheiros infames, etc e tal. A opinião da Martha me lembra muito a de algumas amigas minhas. Por elas peguei o hábito de registrar em pequenos vídeos amadores um pedacinho da balada. Até agora o único efeito que consegui com esses vídeos foi de torná-las ainda mais avessas à experiência. Reconheço que, como nas discussões sobre futebol, política e religião, só tem servido para as diferentes partes fortalecerem seus respectivos argumentos contra e a favor. rsrsrsrs


Green Valley - Carnaval 2008 / Tiesto


Links:


Blog com textos da Martha Medeiros: http://www.carpevie.blogger.com.br/


Site do Green Valley: http://www.greenvalley.art.br/site/.

Site do Warung (e Madê): http://www.warungclub.com.br/.

Comentários

  1. É aninha...muita coisa aconteceu desde nossas primeiras saídas no Amnésia, Opera Prima...lá se vão uns 15 anos...e vc ainda baladeira! Já eu....qta diferença! hahahaha Sempre boa companhia...em 1990, 1994....2008!

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  2. Esse LupaLuna será muito legal.

    Mas seria bem melhor se o
    s organizadores não fossem tão hipócritas em colocar ecologia no conceito,porque pouquíssimas coisas são mais anti-ecológicas que eventos assim, onde apenas a potência do som é capaz de matar pequenos animais e ensurdecer outros.

    Enfim, que continuem as baladas, que as pessoas se divirtam, dancem e pulem... mas sem essas jogadas de marketing.

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