curious about: "lost in translation"


Esse post vem da curiosidade de um amigo em saber o que afinal significa esse "lost in translation" que eu vivo usando (aqui no blog, no msn...). Então, "lost in translation" nada mais é do que o título original do filme dirigido por Sophia Coppola e lançado no Brasil como Encontros e Desencontros. Literalmente: "perdido na tradução"!
No filme, Bill Murray (Bob Harris) e Scarlett Johansson (Charlotte) interpretam dois americanos em Tóquio, ele a trabalho e ela acompanhando o marido fotógrafo. Ela percorre a cidade para preencher o tempo, ele percorre o hotel. Setem-se perdidos, deslocados em suas próprias vidas; e o fato de estarem em uma cidade estranha deixa isso em evidência. Até que ocorre o encontro entre os dois... Em termos de enredo, não há muito mais a ser dito. Em termos cinematográficos, muita coisa acontece: nos silêncios e pausas, nos olhares, na música, na sensibilidade despertada.
Algumas pessoas já me falaram que não gostam do filme por uma suposta visão "preconceituosa" do Japão e dos japoneses. Talvez, para aqueles que curtam e entendam de cultura japonesa ou estejam mais familiarizados com esse universo, realmente resulte em uma sensação incomoda. Para mim, sobretudo, essa visão não aparece ligada a um julgamento da cultura estrangeira, mas sim como uma forma de destacar o deslocamento desses dois personagens e como essa geografia e modo de vida "diferentes" acabam evidenciando isso. Um dos momentos mais marcantes, neste sentido, é quando Charlotte anda pela cidade, passando por pontos turísticos e construções maravilhosas. A impressão que me passa é a de alguém que tem informações e formação cultural suficiente para apreciar tudo aquilo ao redor. Alguém que sabe o que DEVE pensar e sentir em relação àquela realidade, mas que não consegue sentir nem pensar de acordo porque não há qualquer ressonância interna para aquilo que está sendo visto ou vivido. E é essa sensação de "estar perdido" na tradução que mais me toca no filme. Me toca a ponto de "roubar" a expressão sempre que quero falar desse estranhamento e solidão, que podem acontecer quando você está em terra estrangeira ou dentro de uma sala cheia de pessoas conhecidas mas que parecem não falar sua língua... ou talvez seja você que não fale a delas. Para mim também serve para falar da sensação de que talvez haja mais na vida. Acho que muitos de nós sentimos isso em determinados momentos:
"More than this... You know there is nothing...", canta Bill Murray num videokê.
O bom do filme, é que a sensação pode ser amenizada em alguns encontros, nos elos que podem se formar entre pessoas a primeira vista muito diferentes, mas capazes de oferecer uma compreensão que transcende até mesmo as palavras... Aquilo que a gente acha que pode haver de maior geralmente está nos encontros ou possibilitados por eles. Como diz o cartaz do filme: "Everyone wants to be found"! Todo mundo quer ser encontrado...
Pronto! Espero que meu amigo fique satisfeito com a explicação. Ficou prolixa! Sei que poderia ter simplesmente traduzido a expressão para ele no primeiro parágrafo, mas... sabem como é... às vezes eu me perco nas minhas próprias traduções... rs!

Comentários

  1. Oi ninha

    Acho que pude reamente compreender o que vc quis dizer... não que isso tenha acontecido muito na minha vida, já que eu tenho o mal costume de chegar em qualquer lugar e dar um jeito de me ambientar logo, mas já tive a oportunidade de me sentir assim, saindo para locais que antes me diziam alguma coisa e que, de repente, pela situação, já não me diziam nada...

    Eu acho que todo mundo quer ser encontrado, mas nem todo mundo sabe disso.

    beijos

    robson

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